Enquanto Fenadesp esteve presente, CRDD-MG se fez ausente.
Enquanto Fenadesp esteve presente, CRDD-MG se fez ausente
Categoria relata dificuldades para concluir procedimentos e prejuízos com perda de clientes
Despachantes veiculares documentalistas de Belo Horizonte, Grande BH e do Norte de Minas denunciam a demora no atendimento em Unidades de Atendimento Integrado (UAIs). A categoria aponta dificuldades na realização de procedimentos que antes eram realizados no Detran-MG, como emplacamento de carros, atualização de documentos e transferência de veículos. Eles se reuniram na tarde desta quarta-feira (11) na porta da UAI Praça Sete, no hipercentro de Belo Horizonte, para protestar contra a situação.
Questionada, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) afirma que os processos relacionados à veículos nas UAIs são finalizados em até cinco dias úteis, mas se houver alguma pendência que ultrapasse o prazo, equipes da Seplag-MG e da Coordenadoria Estadual de Gestão de Trânsito (CET-MG) são mobilizadas para solucioná-los. Confira o posicionamento completo mais abaixo.
A situação teria começado em janeiro deste ano, quando os procedimentos veiculares saíram da alçada do Detran-MG e passaram a ser responsabilidade das Unidades de Atendimento Integrado. Entre as unidades que estariam com demora no atendimento, a categoria cita as UAIs Praça Sete e Barreiro, em BH, e João Monlevade, na Região Metropolitana. O primeiro obstáculo apontado pelos despachantes é a dificuldade para serem atendidos nas unidades.
“No Detran, o despachante podia ir quantas vezes quisesse no mesmo dia. Na UAI, tem que entrar no aplicativo do Cidadão, acessar o gov.br e só tem um horário disponível, que nem é no mesmo dia. Além disso, a gente chega na unidade, tira a senha e só é chamado 40 ou 50 minutos depois, enquanto o carro fica por quase uma hora no estacionamento”, reclama o presidente da Associação dos Despachantes Documentalistas de Minas Gerais (Adesdoc), Anderson Matheus.
Protocolado o pedido de serviço, conforme Anderson, surge outro problema: a demora para a conclusão do procedimento solicitado. Segundo o representante da categoria, a proposta inicial era que os documentos ficariam prontos em até 48h, o que não foi cumprido. Posteriormente, a Seplag teria prometido um prazo de cinco dias úteis para que os procedimentos fossem finalizados. Outra proposta que, de acordo com a Adesdoc, também não foi cumprida.
“A gente tem processos aqui que duram 15, 60 dias, sem nenhuma explicação. Eu mesmo já perdi cerca de 30 serviços neste ano, um prejuízo de R$ 5 mil”, afirma Anderson, que estima cerca de dois mil despachantes em Minas Gerais afetados pela situação.
Os despachantes denunciam ainda outro problema. A categoria relata casos na UAI Praça Sete de documentos protocolados que simplesmente desaparecem, sem que a unidade tome providências para resolver a situação. “Tenho as mensagens do WhatsApp em que o cliente ameaça chamar a polícia, me levar à justiça. E eles (UAI) dizem simplesmente que não podem fazer nada”, relata à reportagem um despachante, que preferiu manter o anonimato por medo de represálias.
O homem também se queixa da demora para a conclusão e liberação de documentos. “Tem um caso aqui em que fui atualizar o nome na documentação de uma cliente que demorou 45 dias para ficar pronto. Aqui está horrível”, critica.
Proposta de digitalização
Também presente na manifestação na Praça Sete, o presidente da Federação de Despachantes de Trânsito de Minas Gerais, Sebastião Teixeira, defende que Minas Gerais adote a digitalização dos procedimentos relacionados a documentos veiculares. O representante avalia que a medida, já implementada em outros estados, eliminaria a burocracia e a demora.
“Na Bahia, no Paraná e em Santa Catarina, por exemplo, o despachante não vai a um SAC ou a um órgão de trânsito, ele faz tudo do escritório. O despachante desafoga cerca de 75% do serviço, ele faz do escritório. O contador também não vai à Receita Federal todos os dias, só em casos esporádicos. Ganha-se muito tempo. Vamos copiar os outros estados”, sugere.
Sebastião também relata complicações para realizar procedimentos que, em tese, seriam simples. “Estou desde maio com um caso de uma cliente para alterar o nome que veio errado na transferência de veículo, e ela está me cobrando. A categoria perde com isso, pois o cidadão procura o despachante exatamente porque não tem tempo”, pontua.